terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

E de repente a alegria. Seria o prédio mal acabado e praticamente deslizando sobre meu olhar? Ou seria o céu azul, quase branco, dentro da paisagem também mal acabada vista por mim? Alegria vinda do mau acabamento até que faz sentido. Ela vem do mal olhar que inclinado um pouco mais, apenas uns graus, torna-se então a alegria. É isso. Tristeza. Vestígio de tristeza na manhã mal realizada faz-se alegria. Que bom que é apenas um momento, assim posso retornar ao ciclo das possibilidades, moral das ações e responsabilidade. Uma pausa para a certeza ou o silêncio enfumaçado. Intervalos de angústia que permitem a ação. Mas qual ação? Acho que hei de escolhê-la. Sempre derretendo o tédio, voltando-se para as casas, os pássaros ou seus sons. Que situação! Nem eu mesma consigo explicá-la pra você. Mas não há situação, nem inércia e menos ainda quietude. Há desentendimento, confusão e baralho. Sim, cartas que contém números, desenhos e cores. Jogadas, elas podem ser muitas coisas. Guardadas podem ser nada ou ainda apenas cartas guardadas. Mas e daí? E daí, nada. São palavras misturadas. O sorriso também pode ser mal acabado. Ou mau ou acabado. O sorriso acabado já acabou, o sorriso mal acabado é um sorriso sem graça e o sorriso mau é um sorriso mau. Cínico, talvez. Mas o que é ser cínico? Qual a qualidade do cinismo? Os meios nem o fim podem ser cínicos. E eu só poderia dizer que faria algo por você depois de feito. Depois do ato é que encontro o valor da coisa que sofreu a ação. Portanto, sem ato, sem valor. Átimo, átomo do ser, dispendioso ser. Sim, estou querendo lhe dizer algo. Já foi dito. Apanhe no ar, mas não sinta dor. A dor também é escolha. E se você pensa que eu te amo foi porque eu inventei isso ou foi você quem inventou? Invenções. Inventamos o tempo inteiro. Elas estão dentro e fora de nós. Entra e sai sem que percebamos. Quando percebe pode ser tarde demais ou cedo demais. A hora certa, ora, não há nada certo! Escolha e viva. Você está condenado a ser livre. E estando condenado está sempre livre. É todo seu. Pegue pelas mãos, agarre-os. Jogue fora, se preciso. Mas faça, depois entenda. Não pare jamais. Como irei terminar esse texto? Ele não tem nada a ver com isso. Eu comecei e agora tenho que terminar ou parar no meio dele.

Por Carol Lara
para o moço que fala uma oitava acima

Um comentário:

  1. ...Estamos todos condenados a sermos livres prisioneiros de uma carcaça mofada que apodrece a cada simulacro, erroneamente convicto, de se estar vivendo... Nada.

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