sábado, 31 de janeiro de 2009

Você viu pomba? Do nada as coisas chegam a sua casa e nada. É nada mesmo. E se nada, nadou. Cartas aquelas das quais você não têm a mínima idéia se te endereçam. Apenas você vê e imagina. Chegando depois (não importa se é gerúndio, no caso, chegado, é coisa muito séria). Uma conta que você não paga e nem paga mesmo. Porque não é sua conta. Não é da sua conta se paga ou não. Se não paga é porque não tem dinheiro. E se tem também não paga justamente porque não é da sua conta. Pequenos contos. Cantos de réis. E nem vem me analisar porque sou lá coisa que se analisa? Hoje ouvi algo interessantíssimo que cara é essa? É “vai assombrar os porcos”, o que quer dizer, vai se fuder, me disseram. Mas tenho minhas dúvidas: carameladas. Cor de caramelo, é claro. Se assombro os porcos é porque me fodo. Se me fodo é porque não agüento mais o silogismo. O fim da história quer dizer que o buraco que tenho é ferida esburacada e que nem mesmo minha alma poderá lhe esplanar. Tão pó, que nem fadiga se esborracha. Eu não queria escrever como falo justo porque (será que meu porque o tempo todo é culpa?) o que falo não tem sentido, não é o que é e por isso escrevo. Escrevo com o apelo de quem diz, mas não leve em conta todos os atentados contra a gramática. É sem querer. Tive péssima educação sempre, sem vangloriação. Estudei em escolas públicas (de péssimas qualidades) e Nietz só descobri depois de muitas valhas e sensações da ordem da perda. O que me ausenta é toda a sua ausência presente. eu não te conheço, não conheci em nenhum dia e nem conhecerei. Que penar trágico. Diante do texto nos tornamos outrem diante de nós mesmos porque não há teoria que o valha. E sigo sem cantar, sem as vezes chorar (choro o que não interessa) e sobretudo danço. Danço uma dança de movimentos repousados porque (de novo) o movimento está no repouso, como disse vários caras. Não cabe aqui citá-los porque (de novo) estou falando de mim. Um demasiado humano que nunca morre, só socorre. E a dança é do meu corpo. Aquele único que estará diante duma tumba ( e que já esteve) dentro de um paralelepípedo? Estou aqui e estou lá. E já falei, não adianta me analisar. Buraco sem gente que insiste em ser fantasma. E se vivo é porque vivo (de novo) e não mais do que isso.
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Por Carol Lara

3 comentários:

  1. As coisas nunca são como parecem. Elas sempre são mais densas e obtusas que aparentam Ser.

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  2. Carol,

    Seu blog tá lindo e seu texto é ótimo.

    Beijos,

    Adriana Versiani dos Anjos

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  3. que bom que vc fez um blog! adoro seu jeito de escrever! ficou lindo!

    bjs!!

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