terça-feira, 21 de abril de 2009

Eu, o Chapolin Colorado!


Uma amiga cantora e atriz mexicana, que conheci no último feriado em Ouro Preto, Camilla López, outro dia teve uma idéia irresistivelmente cabulosa: avacalhar, escancarar, destruir, detonar e invadir eventos promovedores da pseudo democratização da cultura nas cidades de grande e médio porte brasileiras. A propósito do G.A.F, Grupo de Avacalhação Fodida, eu disse a ela que esse desejo, provavelmente, ficaria no plano do arrebatamento, como tantas outras coisas e , por vários motivos: ela trabalha atualmente para o Governo. Além de ir presa, perderia seu emprego em dois tempos; gastaria muito tempo (que é dinheiro) só para inflar ainda mais os grandes seios da imprensa, além da dor de cabeça desnecessária, gerada pela difamação ao cubo de todos os quase “artistas politizados” que investem na contra mão da contra-cultura que ao final não deixa de ser cultura contra cultura no embate competitivo de instalação do lugar ao sol da mesma cultura com facetas diferenciadas e amortizadas para todos os tipos de preferências. E o que restaria senão apelar para o Chapolin Colorado: “e agora, quem poderá me defender?”.

O G.A.F não é uma vontade só da Camilla. Quem não gostaria de invadir o Palácio das Barbies, no Terças Bobéticas, por exemplo, colar adesivos “GAF´s” no bumbum dos participantes e seus produtores e sair correndo dos seguranças? Muito divertido. Todo propósito e motivos se perderiam. Assim de modo tão infantil, mas certeiro em deixar a pergunta abortada do sentido lead ? O que você faz aqui, por quê, quando, como e onde continuarão a massagear seus Egos incontestáveis feitos de plásticos redundantes e obcecados em naturalizar palavras que nem lhe pertencem e olhares que apenas olham para umbigos interesseiros parceiros institucionalissimamente convencidos do amor fraterno, da arte e da poesia que os cercam?

Quem não gostaria de montar nos cavalos dos fundadores do belo horizonte e gritar como estrupícios a céu aberto toda a loucura represália? Camilla e eu assistimos ontem a um filme que tinha um personagem psicanalista. Acho que foi o método dele que a levou para essa idéia de G.A.F: Avacalha-te mesmo. Talvez se fossemos mulheres dispostas, disponíveis e, claro, sem ter o que fazer no mundo; assim, mulheres sem planos de filhos, casamentos, amores em torres; mulheres livres, sem a preocupação do desdobramento entre empregos, filhos, parentes, amigos, maridos, festinhas, lançamentos e sei lá quantas outras pequenas grades (diga-se de passagem, essa é a mulher moderna – não quero nem conhecer a contemporânea).
“hay, socity! Smale”!!

domingo, 5 de abril de 2009

ossos do desperdício


Corpo-Massa: pele e ossos, dança com duração de 2 horas, ontem, no Espaço Ambiente, ganhou outra ossada. Os bailarinos de Pernambuco, donos de suas próprias coreografias, souberam muito bem mudar tudo, de repente, com um novo corpo em cena. É que não sou bailarina, mas como não agüento ficar parada e não me contentei apenas em jogar luzes em seus corpos, proposta da Cia neste espetáculo, depois de uma tentativa frustrada de alongamento (pois já entrei me jogando literalmente), tirei as botas (e...) e, juntos, por aproximadamente 1 hora, produzimos um novo espaço/tempo/volume, movimentos não previstos e suores a queima pele. Foi uma experiência tão bizarra; adentrar assim na dança dos outros, mas ao mesmo tempo, tão incrível, que decidi voltar a dançar. Opa, opa! Voltar a dançar significa apenas formalizar, em chão propício, um espaço mais apropriado para quedas, rodopios, vôos e falsos desmaios. Desterritorializo então meu espelho, minhas paredes e convido a todos (que amam a dança, evidentemente) a experimentarem forças estranhas a favor de um desejo de desenhar um corpo que tudo e nada pode quase ao mesmo tempo.

Acho que os homens, José e Marcelo, se apresentam novamente hoje, no Espaço Ambiente, (garanto que não com o mesmo espetáculo). Penso que, para além da luz, vagalumes ao de brilhar.